"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar."    Helena Vaz da Silva

Valorização do Património Cultural

No âmbito do Ano Europeu do Património Cultural, a Fundação Serra Henriques implementa e consolida um conjunto de iniciativas interligadas pela valorização da arquitectura tradicional enquanto contributo para a economia, sociedade e desenvolvimento coeso do território nacional.

O prestígio conferido à diversidade regional do nosso país constitui um forte estímulo para a preservação dos valores patrimoniais e uma excelente oportunidade para o progresso social, cultural e económico de Portugal. As diversas regiões portuguesas possuem um património histórico, cultural e arquitectónico de inegável valor e crescente projecção internacional. É essa preocupação com a valorização e salvaguarda destes ricos e diversificados activos que deve, por isso, assumir uma relevância contínua no âmbito das políticas públicas ao nível central e local.

O trabalho desenvolvido pela Fundação Serra Henriques junto da academia, governo, autoridades locais, especialistas e instituições culturais é um processo constante e de estímulo a este desígnio nacional. Tal acontece em diversas iniciativas como a implementação da Política Nacional da Arquitectura e Paisagem (PNAP), os prémios de arquitectura ou a realização de conferências e difusão de boas práticas.

Prémio Ibérico de Arquitectura Tradicional

A Fundação Serra Henriques implementou o Prémio de Arquitectura Tradicional Rafael Manzano em Portugal com a International Network for Traditional Architecture and Urbanism (INTBAU) da Fundação do Príncipe de Gales, com o apoio de Richard H. Driehaus Charitable Lead Trust  e com o Alto Patrocínio do Presidente da República Portuguesa.

Esta iniciativa é entendida como uma importante oportunidade de valorizar a identidade e as singularidades culturais do nosso território. Com o valor monetário de 50.000 euros, este galardão distingue a obra daqueles que mais contribuem para a reabilitação de monumentos e de conjuntos urbanos de valor histórico e artístico ou construção nova com a utilização de materiais, estilos e ofícios tradicionais. Em 2017, O júri internacional distinguiu a obra do arquitecto português José Baganha.

Rede Ibérica de Mestres da Construção Tradicional

No espírito do Ano Europeu do Património Cultural, a Fundação Serra Henriques aceitou o desafio de participar na implementação da Rede Ibérica de Mestres e Ofícios da Construção Tradicional, em colaboração com Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) e da INTBAU - organização internacional para a preservação da arquitectura e urbanismo tradicionais.

Partindo da experiência já realizada pelos parceiros espanhóis, com o apoio do Instituto do Património Cultural de Espanha (IPCE), pretende-se criar um directório ibérico rigoroso para pesquisa online das pessoas e entidades mais qualificadas nos diferentes ofícios de construção e restauro tradicionais; aqueles que serão reconhecidos em cada região como os melhores em cada disciplina.

Esta ferramenta global será pública e o objectivo é proporcionar visibilidade a estes mestres que muitas vezes não têm possibilidade de divulgar e de transmitir essas diferentes técnicas e materiais que moldam a identidade de cada lugar.

As artes tradicionais nos ofícios de construção são o resultado da nossa cultura e do nosso território, um sinal de identidade que faz da construção de cada região um conhecimento único e insubstituível sobre o meio ambiente e como habitá-lo com respeito e de forma lucrativa a longo prazo. Além de ser um património cultural único e ameaçado, são artes necessárias para a preservação da nossa herança material.

A perda destas tradições é também uma ameaça para o património cultural em muitos outros países europeus e, por isso, os objectivos e a metodologia desta iniciativa ibérica pretendem-se facilmente replicáveis.

Escola Internacional de Verão de Arquitectura Tradicional

A Fundação Serra Henriques é o parceiro institucional português da Escola de Verão organizada pela Rede Internacional de Arquitectura Tradicional (INTBAU), que se realizou pela primeira vez em Portugal. Marvão foi o palco desta iniciativa que conta com a participação de oito universidades europeias e americanas.

Para estimular a participação da Academia nacional e despertar o interesse das novas gerações, a Fundação criou oito bolsas de participação dirigidas a alunos das universidades Portuguesas. Em 2018 foram atribuídas às Universidade da Beira Interior (UBI), Coimbra, Évora, Gallaecia (ESG), ISCTE, Lisboa (FAUP), Porto (FAUP) e Trás-os-Montes (UTAD).

A iniciativa conta com o apoio de Richard H. Driehaus Charitable Lead Trust, do Prémio Rafael Manzano, da Câmara Municipal de Marvão e Infraestruturas de Portugal.

Na sequência desta intervenção foi feita a edição internacional de um livro de boas práticas para a valorização do património cultural e reabilitação urbana da freguesia da Beirã no concelho de Marvão.

(...) Devemos aproveitar a decisão da União Europeia de adotar 2018 como o Ano Europeu do Património Cultural. Não se trata apenas um gesto de boas intenções - mas da demonstração da importância das raízes históricas e culturais; da necessidade de proteger e salvaguardar o património comum; da importância transversal e estratégica das políticas públicas ligadas à Educação, à Formação e à Ciência, bem como do entendimento de que só a proteção do património cultural, no contexto de uma identidade aberta e plural, e a sua ligação à qualidade da criação contemporânea podem corresponder a uma visão integrada do desenvolvimento, capaz de preservar uma cultura de paz. (...)

Guilherme d'Oliveira Martins, coordenador nacional do Ano Europeu do Património Cultural